Definição e etiologia
A hiperceratose traumática é uma lesão branca causada por uma fricção crônica, provocando uma produção acentuada de queratina, não removível a raspagem, com bordas irregulares e consistência macia, tendo como fator etiológico os traumas mecânicos devido aos hábitos parafuncionais como mordiscamento crônico da mucosa, uso de aparelhos ortodônticos, próteses mal adaptadas, restaurações fraturadas e dentes fora do alinhamento oclusal.
Como diagnosticar clinicamente?
Inicialmente, uma detalhada anamnese para identificar a queixa do paciente e possíveis fatores de risco, associada a um exame físico intraoral minucioso. Com essas informações, formular então uma hipótese de diagnóstico.
Durante a anamnese para a avaliação da hiperceratose traumática, a queixa principal é o trauma local associado comumente aos dentes ou a prótese dentária mal adaptada, sendo importante, durante o exame clínico intraoral, notar se há um contato direto de dentes ou prótese com a lesão, além de certificar-se de a lesão não ser removível a raspagem ou desaparecer durante o tracionamento.
Características clínicas da lesão
A hiperceratose traumática apresenta-se como uma lesão em placa branca de superfície irregular com maceração ou fragmentação da superfície do tecido e limites imprecisos. A lesão é assintomática, sendo a presença de sintomatologia dolorosa comumente associada a formação de úlceras pelo trauma local. As localizações mais frequentes para essas lesões é próxima a linha oclusal ou nas superfícies de contato da prótese com a mucosa. O tempo de evolução é variável dependendo do fator etiológico.
Diagnóstico final e Tratamento
Para a elucidação do caso é necessária a realização de biópsia incisional para descartar a possibilidade de alterações teciduais que possam indicar um processo de cancerização. No exame histopatológico, não havendo indícios de atipias celulares que caracterizariam uma displasia epitelial, o diagnóstico final será de hiperceratose.
O tratamento para a hiperceratose traumática consiste na remoção do fator irritativo. Para dentes fora da oclusão, o reposicionamento e/ou ajuste oclusal. Para próteses mal adaptadas, o reembasamento e/ou a substituição da prótese. Para o hábito de mordiscamento crônico da mucosa, a identificação do fator etiológico que muitas vezes pode estar relacionado a somatização de questões psicológicas como ansiedade, o estresse e a depressão, por isso, o acompanhamento psicológico auxilia no tratamento do paciente junto ao uso de placa estabilizadora rígida.
Referência:
MÜLLER, S. Frictional Keratosis, Contact Keratosis and Smokeless Tobacco Keratosis: Features of Reactive White Lesions of the Oral Mucosa. Head and Neck Pathology, v. 13, n. 1, pag.:16-24, 2019. doi: 10.1007/s12105-018-0986-3.
Monitora: Lindemglecia da Silva Pereira
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